01 outubro 2007

Virginia Woolf

Caríssimas,

considero-me muito em falta por, decorridos alguns meses desde o início deste blog, ainda não ter apresentado nenhuma sugestão literária decentemente. E, obviamente, quando me decido a fazê-lo, opto por vos falar da minha querida Virginia. Vou-vos fazer o meu precurso até ela...
Começo por As Horas. Como todas sabem (ou virão a saber), é o *meu* filme. É dele que surge a Laura Brown. Calha sempre em conversa quando começo a discutir filmes. Para quem ainda não sabe (ou seja, nenhuma de vós), é a história de três mulheres em épocas diferentes que no fundo estão todas ligadas. Eu não sei falar muito do filme, só vos posso dizer que tem tantos detalhes tão bonitos, tantos gestos e momentos e imagens, e aquela banda sonora também ajuda (Philip Glass, também é capaz de calhar em conversa). Para conhecerem eu, Laura, conheçam aquela Laura. Bem, não é essencial, mas eu aconselho. E eu acabo sempre a falar daquela Laura e convém que saibam do que estou a falar. Ou não. Mas vejam o filme, pronto. Óscar de Melhor Actriz para Nicole Kidman, que com aquele nariz fica irreconhecível, e três Globos de Ouro (que para mim contam muito mais...), entre eles Melhor Filme, se não estou em erro. Eu empresto se for preciso...

Depois de ver o filme, fiquei ainda com mais vontade de ler Virginia Woolf. Comecei, claro, pela Mrs Dalloway (ver filme para compreender). Li em inglês e desde o início soube-me tão bem ouvir aquela lingua na cabeça, gostava de ler baixinho só para mim, para me deliciar, porque a escrita da Virginia, a forma como soa, é das coisas que mais gosto nela. Adorei o livro, há algumas passagens que gostei tanto, conhecer a Sally Seaton e o outro, que já não me lembro o nome, e o outro casal que aparece no livro que supostamente não tem relação com a Mrs Dalloway. Foi engraçado ler o livro depois de ver o filme porque houve coisas que associei, para quem estiver a ler *cof* Amanda *cof* é favor tomar especial atenção aos nomes.

Seguiu-se um livro que me foi emprestado e mais tarde oferecido e que até hoje é o meu livro favorito. E eu não gosto de favoritismos. Orlando. Li-o em português e mal li a primeira frase julguei que não ia suportar o brasileirismo. Mas felizmente foi só a primeira frase. Tenho a certeza que me teria deliciado muito mais em inglês, mas não sei como é que isso seria possível depois de todo o extase a ler este livro. Foi das poucas vezes que tive de parar de ler porque estava de tal forma entusiasmada e arrebatada pela escrita e história que tinha de sair de lá para pensar para mim "Isto é tão genial!". Apetece-me contar a toda a gente porquê, contar todos os pormenores, mas eu sou incapaz de ser spoiller. Por isso, só vos digo, leiam! "Mas é sobre o quê?" É a biografia do Orlando. E não consigo dizer mais. Eu li o livro sem fazer a miníma ideia sobre o que era e o que ia acontecer e acredito que se soubesse não teria sabido tão bem. Não vale apenas pela história, que é perfeita para qualquer escritor, (ai não posso explicar! quando lerem eu explico-vos), mas pela escrita, pela forma como a Virginia fala connosco, tão perto, tão informal mas ao mesmo tempo tão elegante... E não digo mais.

Depois do Orlando, descansei um pouco da Virginia. Li uns pequenos textos dela agora há pouco tempo e soube-me mesmo bem recordá-la. A partir dela conheci a Katherine Mansfield, que também adoro, acho que a escrita dela é muito parecida com aquilo que eu gostava e gosto de escrever. Queria agora conhecer o resto do Bloomsbury group, o grupo de intelectuais de onde a Virginia fazia parte nos anos 20, gostava tanto de ter conhecido esta gente se tivesse nascido nessa altura. E vou terminar agora a minha palestra. Prometo que as próximas serão mais pequenas porque nada me faz vibrar tanto quanto isto. Mentira. Mas é para não se assustarem. Boas leituras!

1 comentário:

ADEK disse...

uma pequena correcção...eu vi o "the hours":D até ja te tinha dito...simplesmente nunca li nada de virginia wolf;) (depois comento decentemente....by the way...gosto MT do filme;)****Darko kisses