19 março 2008

Filadélfia


Eu conheci este filme por mera coincidência. Vi-o uma vez na RTP há alguns meses e finalmente consegui comprá-lo em DVD. Realizado por Jonathan Demme em 1993, conta com a interpretação de dois grandes senhores do cinema Tom Hanks e Denzel Washington. Em traços gerais conta a história de um jovem e promissor advogado Andrew Beckett, que é despedido da firma de advogados onde trabalhava devido ao facto de ser homossexual e de ter SIDA. Decidido a fazer justiça, ele processa a empresa por discriminação e com a inicialmente relutante ajuda do homofónico e algo conservador advogado Joe Miller. À medida que advogado e cliente se vão conhecendo, Joe Miller vai mudando de opinião e acaba por reconhecer o valor do seu cliente Andrew Beckett, ao mesmo tempo que este é apoiado pela sua família e encorajado pelo namorado na luta pela sua dignidade. Este é ainda desafiado a enfrentar toda a uma série de mentiras e de tentativas de minar a sua credibilidade por parte da empresa que põem a prova a sua coragem para continuar a sua luta ao mesmo tempo que o seu estado de saúde se deteriora a passos largos. O processo chama ainda a atenção dos media e põe a nu os preconceitos da sociedade sobre a doença e sobre os indivíduos seropositivos. Este é um filme dramático e comovente sobre a homofobia e a discriminação dos indivíduos com SIDA numa das cidades mais prósperas dos EUA, no início dos anos 90, em que esta doença era rapidamente mortal e fortemente estigmatizada em termos sociais Esta é a história de um homem de uma grandeza invulgar e de um advogado que aceitou um desafio que mais ninguém teria aceite. No one would take on his case... until one man was willing to take on the system.

Algumas frases deste filme mostram isso particularmente bem e por isso aqui vão algumas citações do filme.

Judge Garrett: In this courtroom, Mr.Miller, justice is blind to matters of race, creed, colour, religion, and sexual orientation.

Joe Miller: With all due respect, your honour, we don't live in this courtroom, do we?

[Andrew transcendentally describes his favourite opera]

Andrew Beckett: Do you like opera?

Joe Miller: I'm not that familiar with opera.

Andrew Beckett: This is my favourite aria. This is Maria Callas. This is "Andrea Chenier", Umberto Giordano. This is Madeleine. She's saying how during the French Revolution, a mob set fire to her house, and her mother died... saving her. "Look, the place that cradled me is burning." Can you hear the heartache in her voice? Can you feel it, Joe? In come the strings, and it changes everything. The music fills with a hope, and that'll change again. Listen... listen..."I bring sorrow to those who love me." Oh, that single cello! "It was during this sorrow that love came to me." A voice filled with harmony. It says, "Live still, I am life. Heaven is in your eyes. Is everything around you just the blood and mud? I am divine. I am oblivion. I am the god... that comes down from the heavens, and makes of the Earth a heaven. I am love!... I am love."

Joe Miller: We're standing here in Philadelphia, the, uh, city of brotherly love, the birthplace of freedom, where the, uh, founding fathers authored the Declaration of Independence, and I don't recall that glorious document saying anything about all straight men are created equal. I believe it says all men are created equal.

Joe Miller: What do you love about the law, Andrew?

Andrew Beckett: I... many things... uh... uh... What I love the most about the law?

Joe Miller: Yeah.

Andrew Beckett: It's that every now and again - not often, but occasionally - you get to be a part of justice being done. That really is quite a thrill when that happens

Joe Miller: The Federal Vocational Rehabilitation Act of 1973 prohibits discrimination against otherwise qualified handicapped persons who are able to perform the duties required by their employment. Although the ruling did not address the specific issue of HIV and AIDS discrimination...

Andrew Beckett: Subsequent decisions have held that AIDS is protected as a handicap under law, not only because of the physical limitations it imposes, but because the prejudice surrounding AIDS exacts a social death which precede... which precedes the physical one.

Joe Miller: This is the essence of discrimination: formulating opinions about others not based on their individual merits, but rather on their membership in a group with assumed characteristics.

Sarah Beckett: Well, I didn't raise my kids to sit in the back of the bus... you get in there and you fight for your rights!

04 março 2008

Jeff Healey

Acabei de saber que o Jeff Healey morreu ontem aos 41 anos de idade e achei que devia apresentar-vos a este guitarrista. Talvez percebam porquê ao dizer que morreu por cancro na retina que tinha desde 1 ano de idade e que o cegou. Vejam o vídeo e vão perceber porque vos queria mostrar.



Sim, ele era cego e tocava para caraças.

03 março 2008

Transamerica

Este sábado tive o prazer de ver este filme, Transamérica, um filme nomeado para os Óscares de 2005 (duas nomeações, entre elas Melhor Actriz Principal para Felicity Huffman, mais conhecida como dona-de-casa desesperada). Trata da história de uma mulher transexual (Felicity Huffman) que, a uma semana da operação que concluirá o processo de transformação, descobre que tem um filho (Kevin Zegers) de uma relação heterossexual de há 17 anos, filho este que está detido. A sua terapeuta recusa dar-lhe a autorização para a cirurgia enquanto ela não resolver o assunto para poder tratar do seu passado. É então que Bree viaja para Nova Iorque para tirar o filho da prisão, sem nunca lhe contar realmente quem é, e iniciam uma viagem pela América, cada um perseguindo o seu sonho: realizar a operação de mudança de sexo e tornar-se uma estrela de filmes pornográficos (no caso do filho...).

Este era aproximadamente o resumo do filme que li nas costas do dvd, para além de dizer que era uma "comédia hilariante". Se não soubesse mais nada, diria que era uma daquelas comédias bem badalhocas tipicamente americanas, mas felizmente não é. É um filme fabuloso. Para quem não o viu e pretenda, não esperem gargalhadas incontroláveis, mas talvez uns risinhos e uns sorrisos de lado pelas situações, pelas personagens, pelos seus comentários e diálogos. E não esperem muita badolhoquice porque não há. Só um bocadinho, mas nada de chocante, me thinks. E olhem que sou impressionável (já dizia o outro...).

Antes de mais, este filme vale pela interpretação da Felicity Huffman. Não é fácil para uma mulher interpretar um homem que quer tornar-se mulher e ela fá-lo de uma forma soberba. O olhar desconfiado de cada pessoa que a observa, o medo de ser descoberta, o cuidado com os gestos, as palavras ("Shit! I mean, darn."). O Kevin também faz bem o seu papel, especialmente aos meus olhos que sempre tiveram especial apreço pela sua pessoa... Mas, enfim, é um putozito na sombra dessa grande senhora que é a Felicity.

Enfim, é um filme com temas sérios, mas sem nos deixar tristes ou demasiado pensativos com isso. Deixo-vos com as minhas quotes favoritas que mostram o tipo de humor que este filme tem. (Há outras, mas só em contexto é que têm a piada que merecem).

Toby: Your parent's house is a lot nicer.
Bree Osbourne: My parent's house comes with my parents.

Bree Osbourne: God, my cycle's all out of whack.
Elizabeth Osbourne: You don't have cycles!
Bree Osbourne: Hormones are hormones. Yours and mine just happen to come in purple little pills.